Ansiedade causada pelo trabalho: precisamos falar sobre isso

Aos 22 eu notei que estava perdendo uns cabelos. Aos 23, fui diagnosticado com gastrite. Na comunicação, se deixar, a ansiedade consome seu melhor.

Já vi amigos terem crises de pânico, ataques nervosos e saírem de uma agência em um dia e simplesmente não voltar mais em outro. Pode acontecer com qualquer um, em qualquer lugar, e, claro, o ambiente tem uma grande influência sobre tudo isso.

Sabendo disso, precisamos ficar atentos. Conseguir nos policiar e saber identificar como estamos lidando com a pressão e com as cobranças. Será que às vezes não transformamos algo pequeno em algo gigante? Será que não estamos nos cobrando muito? O assunto é delicado, mas a ansiedade está cada vez mais presente na nossa vida.

Cuide-se

Ansiedade, estresse e esgotamento se relacionam muito com a mente, mas também com o corpo. Às vezes, a gente trabalha muito, desconta na comida, emenda com um rolê pra “relaxar”. No final, o saldo para o corpo é péssimo: comer mal e dormir mal não combina com trabalhar em demasia. Aí, adivinha. Esse desgaste nos deixa improdutivos (e até doentes), acabamos ficando horinhas a mais no escritório e o ciclo recomeça.

Cuide-se²

Por favor, aqui eu estou dando dicas baseadas em observações e experiência própria. Se você não está sabendo lidar com alguma situação, procure um especialista. Um terapeuta, algum profissional que possa ajudar. Não há mal nisso: cruzei com muita gente incrível que busca ajuda no divã.

Isso não diminui ninguém, pelo contrário: muitas vezes ajuda alguns talentos a se descobrir e conseguir melhorar em vários aspectos. E mesmo para aqueles que acham que não podem bancar, existem algumas alternativas viáveis. Tem projeto social e universidades (USP, PUC-SP e Instituto Sedes Sapientiae, por exemplo) que oferecem ajuda a preço acessível a uma googlada de distância.

“É só trabalho”

Papo sério. A grande virtude e grande pecado de muitos profissionais com quem trabalhei é a grande paixão pelo que faz. Temos sim que demonstrar amor e comprometimento, pois a pressão e a exigência são grandes. Mas é só trabalho. Sofremos muito, discutimos muito e pagamos um capital emocional caro por coisas que muitas vezes são minúsculas. Precisamos ter equilíbrio e sabedoria para avaliar as situações e decidir o quanto de esforço vamos colocar em cada coisa. Lembre-se de Darwin: a espécie que sobrevive não é a mais forte, e sim a mais adaptável.

Enjoy the journey

Já falei aqui sobre curtir mais o processo do que buscar apenas o resultado. E isso funciona bastante. Muitas vezes, a gente se cobra tanto que deixa o mais importante de lado. Nem todo mundo tem o privilégio de acordar todos os dias com vontade de trabalhar, mas se a gente encarar os desafios de uma forma positiva, acabamos encontrando motivação suficiente pra não odiar as segundas-feiras.

Busque uma válvula de escape

Um hobby, um esporte, um projeto pessoal… Qualquer coisa pode ajudar a aliviar a tensão de uma rotina corrida. Gostar do que faz é ótimo, mas deixar todas as expectativas em cima do trabalho pode aumentar seu grau de pressão e frustração. Ter alguma outra atividade que faça você empolgar, investir tempo e que dê prazer ajuda muito a conter a ansiedade. Atividades físicas, por exemplo, podem fazer você se esquecer por algumas horinhas daquele projeto grande que está pra ser lançado. Inclusive, pode ajudar a ter uma noite tranquila de sono.

Enfim, a ansiedade pode se manifestar de várias formas, em vários momentos da carreira. Inclusive antes de começar, quando está procurando seu primeiro estágio, ou mudando de emprego. Há quem fique ansioso por uma proposta e nem pense em racionalizá-la ou negociar. Já vi amigos surtando às vésperas do primeiro dia em algum lugar, imaginando se seria bom ou horrível.

Mudanças, grandes novidades, pressão… Tudo isso faz parte da vida profissional. Não significa que você tenha que encarar com normalidade, afinal, não somos máquinas.

O papel dos empregadores

Deixei por último o que talvez seja o mais importante: quando a forma com que as coisas são feitas começam a deixar as pessoas mal e doentes, os líderes também precisam repensar a forma com que conduzem as coisas. Portanto, lembrem-se de que estar à frente de uma equipe é mais que cobrar e dar ordens. Um bom líder busca enxergar e compreender como cada um reage, dar feedback e ajudar sua equipe a evoluir.

Infelizmente, também já vi muita gente ser demitida porque não performou como se esperava. Mas, no meio do caminho, ninguém tentou ajudá-los na correção de rota. A corporação também espera que as pessoas separem questões pessoais e profissionais, mas, mesmo para o profissional mais focado do mundo, existem problemas que transcendem e atrapalham o desempenho no trabalho.

Temos que prestar atenção no ser humano. E, sobretudo, investir neles. Às vezes você tem um grande talento em mãos que precisa mais dos seus conselhos do que de refinamento técnico. Cabe a quem está assumindo posições de liderança ajudar a segurar as rédeas de uma geração acelerada e cada vez mais imediatista. Ou eles vão para o concorrente. Ou eles vão abrir uma startup e virar seu concorrente. O desafio é grande, mas calma. Não precisa ficar ansioso.

Esse texto é uma colaboração de Enzo Sunahara, Copywriter atualmente na VML. Caso você também queira colaborar com conteúdos, entre em contato pelo e-mail tutano@trampos.co.

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