Desde 2009, a web descobriu que coisas têm histórias. Ainda que você não use mais uma roupa, um objeto ou bibelô, ele merece um destino digno. Na internet, nada se perde, tudo se transforma. Ou vende-se. No enjoei, é possível encontrar um interessado que continuará a história daquilo que você não quer mais. Uma empresa assim cheia de contos, romances e fábulas encontra também desafios para manter uma equipe talentosa.
O enjoei foi um blog e projeto pessoal do casal Ana Luiza McLaren e Tie Lima por três anos. Desde 2012, o negócio virou site e renda para eles. Agora não dá mais para chamar o enjoei apenas de site. Transformou-se em uma plataforma de compra e venda, focada principalmente no mobile, que também produz e oferece conteúdos em diversos formatos.
Com isso, hoje a equipe de 60 pessoas se divide em criação (conteúdo, design, redação, social media, vídeos), marketing (de CRM à aquisição), produto, atendimento, desenvolvimento, projetos especiais e administrativo. Os programadores atuam em home office, o que não interfere em nada na sinergia da equipe, segundo Tie. “Temos um time coeso no mesmo nível e com muito comprometimento”, conta.
“Nosso desafio é encontrar pessoas que atuem naquilo que se consideram 100% talentosas. É muito importante para nós ver que o profissional tem afinidade com o nosso produto e tem uma energia boa”, explica. Os aportes recebidos (R$ 18 milhões em 2014) permitiram o investimento em tecnologia e pessoas.
O ambiente da empresa reflete a linguagem usada em toda a comunicação. “Venda o que te enjoa. Compre de gente boa” é um dos lemas do site. As redes sociais e os e-mails marketing também mostram o cuidado em manter uma conversa aproximada com os usuários, em um tom engraçado e ao mesmo tempo vendedor.
Para Tie, isso só é possível porque essa característica está no DNA do enjoei: “Nascemos assim e mantemos a essência. Fizemos ajustes com o crescimento da empresa para respeitar a diversidade”, ressalta. Naturalmente, essa empatia já precisa aparecer no candidato no momento que é entrevistado.
Os esforços em marketing com projetos especiais, como lojinhas de blogueiras e famosas, fez com que a empresa alcançasse o objetivo de inspirar os usuários. “É um catalizador para as pessoas enxergarem que podem vender também. Consideramos uma ferramenta inspiracional e que incentiva os outros a replicarem aqueles conceitos de foto e cuidado com a apresentação dos produtos”, pontua Tie, que atuou anteriormente com e-commerce e estratégias digitais.
Com isso, os números são positivos e crescentes. Os gatinhos da sorte (manekineko) espalhados pela casa localizada no Jardim Paulista, em São Paulo, também reafirmam o sucesso. Em julho, foram 350 mil produtos cadastrados e 100 mil vendidos. A empresa fica com uma taxa de 20% de cada produto. E os acessos mensais chegam a 10 milhões por mês, sendo 70% via smartphones e tablets.
Apesar de ter uma rotatividade de colaboradores (o chamado turnover) baixa, o co-fundador garante que sempre está contratando. E sinaliza: “É muito divertido trabalhar aqui, mas você pode ver que é um ambiente de muita concentração como qualquer outro”. De fato, a serenidade e o silêncio do escritório – pelo menos durante nossa estadia – também parecem fazer parte da harmonia do enjoei.
Todas as imagens são do fotógrafo Flávio Oota. Veja a galeria:
Ele é útil para quem está considerando uma carreira na empresa, oferecendo insights sobre a rotina, os valores e a dinâmica da equipe.