Mesmo trabalhando em sua área de interesse, o marketing, Vitor Peçanha não estava satisfeito com o trabalho em grandes empresas. Não era o ambiente de produção que ele queria para mudar o mundo. Em 2012, submeteu seu projeto ao Startup Chile, programa de investimento do governo chileno. Com a oportunidade de suprir a demanda de marketing de conteúdo que começava a despontar no país, surgiu a Rock Content, empresa focada na geração de estratégias e de conteúdo.
No meio do caminho, Vitor ainda tem o desafio de mostrar a importância desse tipo de marketing para as empresas, que costumam preferir canais pagos e mídias tradicionais para atingir resultados. Hoje, a Rock Content também abraçou a responsabilidade de educar e mostrar novas possibilidades para o mercado. E por isso, além de gerenciar uma equipe de mais de 60 pessoas, em Belo Horizonte, o empreendedor ainda coloca muito a mão na massa. Confira a entrevista:
1. Marketing de conteúdo é…
… mudar a mentalidade da sua empresa para que ela atraia e engaje clientes através de estratégias e processos baseados na criação de conteúdos de qualidade, que seja realmente útil para seu público, sem ser promocional.
2. Você sempre teve vontade de empreender?
Sim! Quando criança eu vendi metade dos meus brinquedos para meus vizinhos de prédio (minha mãe não ficou feliz), durante minha faculdade fazia sites e importava peças do Paraguai para vender computadores. Logo que formei abri minha agência de publicidade, meu primeiro grande fracasso, e fui trabalhar em uma grande construtora. Lá foi onde tive certeza que a vida corporativa não era para mim, fiquei impressionado com a burocracia, ineficiência e o tanto de dinheiro que eles gastavam para economizar dinheiro. Paradoxal, mas é verdade.
3. Descreva sua rotina.
Sempre acordo cedo, por volta de 6h30, e vou para a academia. É uma novidade, pois só recentemente comecei a sentir o efeito de longas horas de trabalho no meu corpo. E nem sou velho! Após a academia, por volta de 8h, já estou na empresa e começo meu dia de trabalho. Minha primeira missão, todo dia, é tentar “zerar” minha caixa de entrada, o hábito mais produtivo que aprendi com o GTD. Demoro em média duas horas com essa tarefa. O resto do dia é distribuído em reuniões individuais com meu time, reuniões em grupo, resolver problemas pontuais (me chamam o tempo todo!) e tomar decisões. Após as 19h, quando muita gente já foi embora, tiro uma ou duas horas para algo quer requer mais concentração, como escrever blog posts, gravar vídeos ou responder entrevistas como essa. Por volta das 21h, pego minha bicicleta de volta para casa e tento não pensar em trabalho mais. Quase sempre falho, mas um dia conseguirei.
4. Como é o ambiente de trabalho ideal para você?
É aquele ambiente em que as pessoas são tratadas como profissionais, ou seja, possuem um objetivo a ser alcançado e a liberdade de propor várias maneiras de alcançá-lo. Empresas que focam demais em processos ao invés de resultados basicamente estão se esforçando em deixar seus funcionários infelizes.
5. Como é sua relação com o trabalho?
Hoje minha vida pessoal e profissional se confundem muito, o que no papel de empreendedor é algo que me agrada e me faz sentir realizado. Um dos meus lemas é que, a partir do momento em que não estiver mais me divertindo com o que eu faço, irei fazer outra coisa.
6. O que é mais importante para manter a equipe em sintonia?
Transparência, em todos os níveis da empresa. Somos uma empresa nova, mas já passamos por algumas situações desagradáveis com a equipe e a lição em quase todas elas foi que deveríamos ter sido mais transparentes. Claro que, para isso funcionar, o processo de seleção deve ser bem focado em pessoas que valorizam e compartilham dos valores da empresa.
7. Quais são suas plataformas favoritas?
Google Apps é a base do meu trabalho. Além disso sou fã do Trello para organizar projetos e do Inbox para me ajudar a manter minha sanidade ao encarar a caixa de e-mail todo dia.
8. Você tem fome de quê?
Problemas a serem solucionados e processos a serem aprimorados. Nada mais prazeroso do que encontrar um grande problema e conseguir solucioná-lo ou encontrar um processo ineficiente e aprimorá-lo através de soluções criativas. Ah, e comida mexicana. Eu sempre tenho fome para comida mexicana.
9. O que você anda lendo?
Acabei de ler o livro How we got to now, do Steven Johnson, um de meus autores favoritos. Ele é genial em mostrar as associações completamente inesperadas que moldaram a sociedade atual. Por exemplo, como a prensa de Gutenberg foi crucial para a invenção da fibra ótica.
10. O que te inspira?
Todas as possibilidades que existem para o nosso futuro e a velocidade com que a tecnologia está evoluindo. Pessoas como Elon Musk e Bill Gates, que estão resolvendo problemas reais e de grande escala.
11. Alguma dica para os profissionais de conteúdo que estão começando?
Foque em entender o que é um bom conteúdo dentro do atual contexto do marketing e se preocupe em criar conteúdos que gerem resultados. Isso te tornará um profissional valioso para as empresas.
12. Qual é seu próximo objetivo?
Pessoalmente e profissionalmente eu possuo o mesmo objetivo: resolver algum problema da sociedade atual através de criatividade e muita pesquisa. No atual momento, possuo várias ideias para ajudar a resolver o problema de mobilidade urbana e poluição nas cidades. Espero um dia ter tempo para colocar alguma delas em prática, mas acho que ainda demora alguns anos.
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