Pesquisas mostram que funcionários não gostam dos seus trabalhos, não acreditam em seus líderes e não são comprometidos. Se você é um líder – ou deseja ser – deveria se assustar. As empresas do mundo moderno constroem líderes fracassados? Ou você consegue superar esses desafios de liderança e, caso positivo, como? Como se tornar um líder melhor, senão excelente, nesse ambiente?
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Por décadas, a resposta estava nas competências, um método psicométrico que avalia e desenvolve o comportamento de um líder. Empresas descobrem quais competências são necessárias para um líder, ajudam a desenvolver essas competências e, então, medem essas competências dentro da organização. Competências representam uma indústria multibilionária, onde exércitos de consultores de gerenciamento entram com suas bibliotecas de competências para ajudar a definir a coleção “certa” de comportamentos e atributos necessários para os líderes prosperarem. O problema é que essa lógica é inconsistente com o modo como o trabalho é realmente feito.
Liderança não acontece no vácuo; líderes estão sempre agindo dentro de um grande contexto social e organizacional. Um líder que possui as competências “certas” não tem garantia de sucesso. Eu vi dúzias de líderes que tiveram suas competências testadas ao extremo, combinadas às funções, e fracassaram – o contexto social quase sempre vence a influência psicológica quando se trata de lideranças bem sucedidas. Liderança é confusa, é relativa e acontece em milhões de interações todos os dias em torno do trabalho. A lição para os líderes? Se você quer ser um ótimo líder, a lista de itens que sua empresa usa para te desenvolver não vai ajudá-lo. Primeiro, você tem que entender o sistema social de onde está trabalhando.
Um estudo recente focou na crescente lacuna de performance entre a liderança por competências técnicas e a liderança por carisma e assertividade. Mas isso é apenas uma peça do quebra-cabeça. Você tem que conhecer suas coisas tecnicamente e, também, tem de se concentrar no sistema social em que está inserido.
Eu aprendi isso enquanto era líder de aprendizagem na BHP Billiton. Nós decidimos abordar o desenvolvimento de nosso líderes distintivamente e nos baseamos nos aspectos sociológicos e de economia comportamental ao invés da tradicional competência. Apesar de suspeitarmos que nossos melhores líderes não eram definidos pela presença de certas competências, o que descobrimos nos surpreendeu: Nossos melhores líderes eram definidos pela execução de discretos hábitos diários, tais como a forma como eles se preparavam para reuniões. Fizemos discussões sobre a aplicação, não abstração.
Líderes querem ficar melhores no “aqui e agora”, não serem julgados por um mapa de competências ou serem obrigados a aceitar uma teoria abstrata sobre como a liderança deve aparentar. Se você quer se tornar um ótimo líder, se torne um estudante do seu contexto – entenda o sistema social de sua empresa – e se preocupe com seus hábitos. O desenvolvimento da liderança é mais prática do que teoria.
A medida que aprofundamos nosso estudo na BHP Billiton, seis hábitos (por exemplo, como os líderes gastam seu tempo no campo, em reuniões um-a-um e em encontros com outras equipes) foram identificados como, quando bem executados, diferenciais entre os supervisores de alta performance e os de desempenho médio (os hábitos que descobrimos são específicos da BHP; hábitos certos para você vão depender da sua empresa).
Focamos nas bizarras interações que ocorrem no dia a dia da vida real, não em uma lista de atributos. Os líderes que executaram rotinas excepcionalmente bem apresentaram melhor desempenho, equipes mais comprometidas e registros mais seguros. Mesmo que tenhamos realizado uma análise completa dos hábitos para entendermos as diferenças entre os melhores líderes e os medianos, isso não é necessário para se beneficiar da prática de se desenvolver costumes melhores.
Há uma série de coisas simples que você pode fazer para melhorar como líder. Quando você se concentrar no desenvolvimento de rotinas melhores, dentro do contexto social do seu trabalho, você descobrirá que tem vários aliados e que os problemas citados no começo desse artigo serão resolvidos. Aqui seguem algumas dicas de como começar:
Autoavaliação
Quais são suas rotinas? Avalie onde você está: Registre seus próprios costumes. Onde você gasta seu tempo, em que se concentra? Esses hábitos definem sua eficácia como líder. As rotinas dos bons líderes tendem a ser eventos sociais, amparadas por hábito pessoal. Investigue atentamente seus hábitos em reuniões um-a-um, em reuniões em equipe e em reuniões com clientes. Essas rotinas revelarão oportunidades para se melhorar. Os hábitos pessoais que demonstram tais rotinas também são importantes: O que foi planejado e o que é emergente? Quando você colabora e quando você executa? Como você escuta e a quem? Avaliar honestamente suas rotinas e hábitos como líder é o ponto de partida crítico para melhorar.
Estude as pessoas de alto desempenho
Converse com seus colegas de alto desempenho ou, melhor ainda, siga-os. Quais são seus hábitos? Se puder, pergunte a eles quis são seus hábitos mais importantes – a maioria das pessoas conhecem seus hábitos, mas assumem que tais hábitos são implícitos. Pessoas querem falar sobre suas rotinas. Na NHP, assim que o conceito de rotina foi apresentado como diferenciador de performance para nosso líderes, a tampa da panela explodiu. Líderes operacionais não paravam de falar sobre suas melhores rotinas e onde tinham dificuldades; eles compartilharam suas ideias sobre o que cria uma ótima rotina; e entenderam imediatamente o conceito de que a liderança é um conceito prático. É melhor se concentrar na diferenciação real, prática, ao invés de vê-la como abstração.
Crie conversas sobre hábitos e rotinas
A liderança é um esporte de contato. Conversar com seus pares, seu chefe e sua equipe sobre rotinas irá aumentar a performance. Direcione a conversa sobre liderança para a aplicação e melhoria e afaste-se de discussões sobre pontuações ou sobre avaliações individuais anuais. Na BHP, rotinas nos afastaram do julgamento associado com avaliações de competências para nos focarmos em melhorias. Isso ajudou os líderes a criarem, de um modo pessoal, o mantra de “melhorar a cada dia”. Ao se concentrar em conversas locais sobre o que são ótimas rotinas, o desenvolvimento começou a acontecer, em todos os setores, todos os dias.
Seja tolerante às imperfeições e receba feedback, regularmente
O foco nas competências nos levou a acreditar que há uma fórmula secreta para a ótima liderança. Não há. A liderança é aplicada de muitas maneiras diferentes, em muitos contextos diferentes e as idiossincrasias dos líderes parecem funcionar. As rotinas revelaram que existem padrões de como a liderança surge para fazer a diferença. Afaste-se da ideia de que só há um modo de ser excelente e concentre-se em construir a eficácia de forma aplicada ao que faz a diferença no seu contexto. Escolha uma ou duas rotinas e receba feedback das pessoasque fazem parte dessas rotinas, semanalmente.
O foco em rotinas causou impactos interessantes na BHP
Partes da empresa viram sua Pesquisa de Satisfação do Funcionário aumentar 21 pontos em um ano e o processo foi registrado, em detalhes, no Relatório Anual 2015. Como um pragmático, meu maior orgulho e assistir pessoas girarem em torno do aprendizado nos seus trabalhos diários. Organizações são como festas de aprendizado, o importante é fazer as pessoas ficarem com vontade de “brincar”.
Rotinas funcionam
Mesmo que as competências sejam importantes na performance das pessoas, isso deve ser apenas um passo no processo, não o ponto final. A medida que o mundo se torna mais complexo e as coisas se movem mais depressa, líderes precisam de mais do que uma lista de características; eles precisam de medidas práticas para avaliarem suas próprias performances e entenderem onde podem melhorar. Talvez, a insatisfação dos funcionários seja ampliada pelos modos abstratos que as organizações usam para tentar desenvolver líderes. Compreender as rotinas importantes é o passo principal no caminho da grandeza.
Todd Warner é fundador do Like Minds Advisory, uma consultoria para executivos veteranos que trabalha com organizações afim de mudarem o pensamento sobre a execução e o lado humano da performance.
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Texto originalmente publicado por Todd Warner no site Harvard Business Review. Traduzido e adaptado pela equipe do Tutano.
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